Será que a ciência pode explicar o propósito das coisas? |
Na famigerada guerra entre ciência e religião, uma distinção comum é afirmar que a ciência explica "como" as coisas são e não o "porquê". Mas vale a pena pensar: será que esse é realmente um modo eficiente de discriminar entre ciência e religião? Ou será que confunde as coisas ainda mais?
Para chegar a uma conclusão, talvez seja uma boa ideia começar ilustrando essa distinção com alguns importantes exemplos históricos. Quando Galileu afirmou que objetos em queda livre são acelerados em direção ao chão independentemente de suas massas, não estava preocupado em questionar o "porquê" de os objetos caírem, mas sim o "como".
Através de experimentos detalhados, mostrou que a distância percorrida por um objeto em queda é proporcional ao quadrado do tempo que ele gasta no percurso, obtendo assim a primeira relação matemática descrevendo um movimento que acontece por causa da gravidade terrestre.
Cerca de 80 anos mais tarde, Isaac Newton elaborou sua importante lei da gravitação universal. Ele mostrou que dois objetos com massa se atraem com uma força que se reduz com o quadrado da distância entre eles.
Logo após a publicação do livro, algumas pessoas fizeram críticas a Newton. Elas afirmavam que essa misteriosa "ação à distância" entre o Sol e a Terra ou entre a Terra e a Lua (ou entre você e seu computador ou jornal) tinha algo de sobrenatural, alguma coisa meio fantasmagórica. Newton, então, respondeu: "Ainda não pude descobrir a causa dessas propriedades da gravidade a partir de fenômenos, e não arrisco qualquer hipótese, pois o que não é deduzido de fenômenos deve ser chamado de hipótese, e hipóteses não pertencem à filosofia experimental."
Ou seja, hipóteses que não podem ser testadas não são científicas. Portanto, se não temos nada testável a dizer sobre o porquê da atração gravitacional entre duas massas, é suficiente usar a teoria da gravidade para descrever a atração entre as massas sem explicar por que ela ocorre.
Newton usou sua teoria para prever o retorno do cometa Halley, explicar as marés, entender o formato achatado da Terra, calcular a precessão dos equinócios, e muito mais.
Essa abordagem de Newton acabou por definir a ciência do "como". Realmente, é difícil contemplar a ciência operando de uma forma diferente.
Atribuir causas ocultas a fenômenos naturais, eventos que não podem ser verificados experimentalmente, não acrescenta nada à descrição científica desses fenômenos.
Podemos incluir também a teoria da relatividade geral de Albert Einstein. Ele mostrou que a atração entre corpos com massa pode ser interpretada como consequência da curvatura do espaço em torno deles.
Mas, mesmo aqui, não sabemos por que os objetos encurvam o espaço à sua volta. Porém, resolvendo as equações da teoria, podemos descrever o quanto ele é encurvado e como objetos se comportam nessa geometria.
Será que a ciência poderia explicar o porquê das coisas? Focando na física, me aventuro a dizer que não poderia. Arrisco até dizer que questões do tipo "por que" sequer conseguem chegar a ser científicas.
Se o porquê significa propósito, a física tem pouco a colaborar. Podemos validar experimentalmente as leis da natureza, como "energia é conservada", mas não sabemos por que ela é, afinal, conservada.
Se você afirmar que caso contrário não estaríamos aqui, não estará dizendo muita coisa. A ciência já é bem complexa se ocupando só com o "como" das coisas. Para o porquê, temos todo o resto.
Oi Marcelo.
ResponderExcluirMuito bom texto. Extremamente didático. Seria realmente legal ter mencionado o termo "teleologia" para relacionar ao "porquê" das coisas serem do jeito que são. Mas, enfim, pode ser assunto para um próximo texto.
cordialmente,
Roberto Berlinck
Marcelo,
ResponderExcluirCompartilho com você muito das ideias. Celebrar o connhecimento. Sou economista e psicanalista vamos dialogar sobre as coisas do mundo e do humano.
Abraços
Galvao
www.galvaoconsultoria.com.Br.
A ciência é um atributo da condição humana, assim como o sentimento de Deus, a arte, a diversão, a filosofia... Por que o homem briga consigo mesmo? Essa guerra é uma distorção histórica pela maldade humana – outro atributo. As pessoas confundem as leis da natureza com a ciência, e Deus com a religião. A ciência nos concilia com a natureza, e Deus nos faz livres de uma simples condição natural. Viver, Amar, é o que nos resta.
ResponderExcluirPoliana M. Oliveira
Muito bom este post, até como espelho a crítica. Permita-me:
ResponderExcluirevolução acontece não como resposta às exigências da sobrevivência, mas como um jogo criativo e necessidade cooperativa de um universo todo ele evolutivo.
LEMKOW, A. F.: 183
ILHA DAS ÁGUIAS
ResponderExcluirby Ramiro Conceição
Cantam cantos antigos
que o Mal é ardiloso
e que, sedutor, ilude a platéia
que, por ter os caninos escuros
com sangue de assassinatos cometidos,
não percebe por medo a insensatez.
Cantam sonhos longínquos
que o Mal é a raiz da culpa
que impede esta monada,
desde a tenra idade,
à iluminação, à Humanidade,
ao cuidado desta Terra única.
Cantam que tudo em nós é fruto
duma moral hipócrita e repressora
e que tudo sempre termina
num medíocre e terrível engano
colossal de templos e religiões:
uma manada de anões primatas,
bambos, prontos pra assassinar
quem ouse à alegria de duvidar.
Cantam cantos modernos
que a nossa civilização
judaico-cristã-muçulmana,
por ser estupidamente desumana,
possui a face dum quadro de Picasso:
o lado esquerdo em cisalhamento ao direito
tal qual o desespero em gritos dos ciprestes
destorcidos das telas de Van Gogh…
Cabe aqui uma pergunta.
Fomos, somos e seremos somente
caretas, caricaturas e canalhas
dum bando de micos amestrados?
Cabe aqui uma resposta.
Acreditem!
Por herança da evolução,
somos um milagre repleto
de coragem.
Mas coragem pra quê?!
Para cantar e permitir
a continuidade da vida
nesta casa bendita.
Portanto canto
e declaro claramente
que somos parte
das consciências do futuro,
do passado e do presente
em processos de passagem;
canto e declaro
claramente que a diferença
entre um bem-te-vi e Einstein
é simplesmente a maneira
diferente do bater de asas.
O amor é o senhor da Terra!
E não há diferença qualquer
entre a mulher, que nos braços
seus filhos queridos abraça,
e o Sol, que com nove braços
seus filhos queridos entrelaça
(Plutão não é um bastardo!).
Dizem que sou de aquário
pois ao sonhar às vezes rio,
a crer que do nosso aguadeiro
florescerá a sinfonia do amor
que será cantada e amada
em estelares línguas claras.
Porém, confesso: sou um contumaz
devorador de astrólogos à milanesa
regados — é claro— à muita cerveja.
Contudo, lúcido, continuo a declarar
que o amor não necessita de templos
e que nunca será de pouquíssimos:
pois Beethoven canta no uirapuru!
À frente
das minhas asas,
dança com graça
a Ilha das Águias...
Lá,
elas procriam...
De lá,
elas vigiam...
De lá,
vêm
o início
e o fim...
Eu vim... de lá!
Pra profetizar, instaurar e mediar
toda a forma de amar que está ali,
na estelar sala de estar e, aí,
dentro do teu amor, caro Leitor.
Dr. Marcelo,
ResponderExcluirComo está postado neste Blog "A ciência liberta o homem de ter medo do desconhecido". Acrescento que ela também ajuda a libertar o homem do medo do conhecido que são nossas crenças (principalmente religiosas), nossas ideologias, nossa ignorância, nossos preconceitos,etc. "O homem é um animal em fuga, fuga do conhecido,da vida, e dessa montruosa civilização que ele criou, como também do desconhecido, da morte e do que advirá depois dela, para os que creem"
Dr. Marcelo,
ResponderExcluirComo está postado neste Blog "A ciência liberta o homem de ter medo do desconhecido". Acrescento que ela também ajuda a libertar o homem do medo do conhecido que são nossas crenças (principalmente religiosas), nossas ideologias, nossa ignorância, nossos preconceitos,etc. "O homem é um animal em fuga, fuga do conhecido,da vida, e dessa montruosa civilização que ele criou, como também do desconhecido, da morte e do que advirá depois dela, para os que creem"
Concordo em grande parte, mas acho que o "porque" não interessa.
ResponderExcluirPor que os fenômenos naturais, e aí evidentemente incluo a vida, deveriam ter alguma razão?
Acho uma bobagem de 'desesperados' tentar achar "propósitos" para os fenômenos naturais. Uma espécie de busca patética do "sentido da vida" (acho mais divertido o filme com esse nome do Monty Python!).
"o como" é objetivo, não tem propósito, não tem opinião, não tem gosto/não gosto, não tem preferência, não tem simpatia/antipatia, não tem raiva, não tem sentimentos...
ResponderExcluir"o porquê" é subjetivo, refere-se a coisas de si, íntimas, é pessoal, é sentimental, é a razão pessoal, é significativo, cria sentidos pessoais a partir de acumulos de experiencias vividas...
A religião é composição grega, dentro da visão dialética. A ciência veio pelo mesmo tronco, quando os manuscritos de Platão foram contrabandeados à Florença, para servir aos papas da Renascença.Foi só adaptar a idéia ed Deus como Grande Arquiteto; portanto, inigualável matemático. A razão provem de ratio, que significa o ingresso de números. O Universo não foi informado sobre algarismos. A realidade flui pela ética, por causa da eternidade. Nada se faz calculável.
ResponderExcluirNós estamos mergulhado no magma de DEUS, nada além da vontade DELE, PASSARA desapercebido, pesquisando.
ResponderExcluirencontrei em apócrifos de Pedro o seguinte.
SUGESTÃO.
INTRÍNSECO, palavra SUGÊNCIA
1-SUgestão -sugerir
2-GEnoma -DNA - Ciência
3-CIA- CIência É as três energias que o Demônio Utilizou para destruir a Humanidade e enganar os Homens, dando-nos a Idéia pela Ciência, pensarmos que somos DEUS.
TUDO QUE O DEMÔNIO QUERIA, PARA DESAGRADAR A DEUS.
E OLHE O QUE NÓS ESTAMOS FAZENDO, COM ESSAS ENERGIAS.
SUGESTÃO = Poder do Pensamento
DNA = Alterar nosso Código Genético
Ciência = por manipular-mos a matéria pensamos que podemos TUDO.