domingo, 10 de janeiro de 2010

Avatar




Não temos a opção de ir a outro planeta atrás de recursos que esgotamos


O tão comentado filme de James Cameron, "Avatar", explodiu nas telas terráqueas em dezembro. Parece que já arrecadou mais de US$ 1 bilhão, superando seus enormes custos (US$ 237 milhões na produção e mais US$ 150 milhões de marketing e promoção).
 
O que se poderia esperar do diretor de "Exterminador do Futuro", "Alien" e "Titanic"? Com certeza, muita ação e efeitos especiais. E uma história que não inspira muito. Pelo menos, essa era a minha expectativa antes de assistir ao filme.

Sem dúvida, ação e efeitos especiais não faltaram. As técnicas de computação gráfica são revolucionárias e iniciam uma nova fase na história da cinematografia. Mas me enganei na história. Extremamente oportuna e necessária, a criação de Cameron faz, de forma muito bela e eficiente, o que milhares de cientistas vêm tentando há anos: mostrar às pessoas os riscos da exploração desordenada das fontes de riqueza de um planeta.

O que se passa em Pandora, um planeta distante (aparentemente uma lua de um planeta gasoso), é uma metáfora para o que acontece aqui na Terra. Alguns podem até afirmar que é óbvia demais, quase trivialmente revivendo os antigos filmes de faroeste. A diferença é que, agora, os "mocinhos" são os malvados e os "índios" são os bonzinhos. Mas, às vezes, é necessário simplificar a mensagem para que seu conteúdo atinja o objetivo desejado. Kevin Costner fez o mesmo em "Dança com Lobos".

O filme é um dos mais belos que já vi. As árvores majestosas e seus "espíritos", uma representação da hipótese Gaia -segundo a qual a Terra como um todo é um ser vivo- são pura poesia visual. Um paraíso inspirado por visões de uma floresta tropical não tão diferente da nossa Amazônia.

O time corporativo, interessado em explorar a qualquer custo o minério que existe sob as vilas dos Na'Vis-os habitantes azuis de três metros de altura que vivem em completa união com a natureza -representa a cobiça das corporações multinacionais que invadem terras distantes para fazer o mesmo, pouco ligando para as tradições e costumes locais.

O filme me fez pensar nas indústrias farmacêuticas norte-americanas e europeias e seu interesse em extrair conhecimento e riqueza da medicina nativa e da biodiversidade da Amazônia e de outras florestas.

Seguindo a tradição das histórias de extraterrestres, o filme de Cameron usa sua existência como um espelho de nós mesmos, das nossas ações -ou, ao menos, das ações de potências expansionistas- contra os povos nativos. A mesma temática do encontro dos europeus com os nativos das Américas e da África.

A mensagem do filme é simples: se não controlarmos o ritmo em que estamos explorando as riquezas do nosso planeta, em breve não teremos mais o que explorar. Como o zinco, por exemplo, que deve se esgotar em torno de 2040. Outros metais têm o mesmo destino.
No filme, temos a opção de ir a outro planeta encontrar o que não temos aqui. O metal "unobtainium" (que significa "que não pode ser obtido") é uma óbvia metáfora para qualquer preciosidade rara por aqui.

A realidade, infelizmente, é que não temos esse tempo todo. E nem a opção de irmos a um outro planeta. Temos que resolver nossos problemas por aqui mesmo. E o mais rápido possível.

No filme, a natureza, a força vital que move Pandora, junta-se aos nativos e ajuda a derrotar o exército corporativo. Na Terra, estamos sozinhos nessa guerra contra nós mesmos. Como escrevi antes, somos nossos piores inimigos e nossa única esperança. A natureza não vai nos ajudar.

5 comentários:

  1. Citação: "O que se poderia esperar do diretor de "Exterminador do Futuro", "Alien" e "Titanic"? Com certeza, muita ação e efeitos especiais."

    Comentário meio off-topic, mas bem que você podia citar O Segredo do Abismo -- o primeiro contato cinematográfico do Cameron com uma civilização extraterrestre amigável e com efeitos especiais belíssimos!

    ResponderExcluir
  2. A primeira vez que li alguma coisa sobre você, faz uns 5 anos e foi minha mãe quem apresentou. Na verdade já tinha lido alguns textos na folha de São Paulo e A Dança do Universo. Hoje, ao falar do universo com um amigo, procurei por escritos seus e me deparei com seu blog. "Como assim nunca pensei que você teria um blog?".

    Entro, e me deparo com um escrito sobre cinema. Minha maior paixão.

    Sem palavras.

    Grande Abraço!

    ResponderExcluir
  3. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  4. Olá Gleiser,desculpe mas acho que a idéia do filme é outra !!
    O filme de Cameron foi baseado nos livros de espirítismo(apesar de eu nao acreditar como você)...e Pandora acho q é Júpiter ou uma lua de Júpiter,...Procure nos livros espítitas sobre o planeta e perceba bem quantas luas APARENTES se passam no filme...vc entenderá o PQ dos navi´s e o pq do planeta.
    é só um comentario
    até

    ResponderExcluir
  5. Marcelo,
    Sou sua fã, te acho "o cara", adoro ver entrevistas suas, etc, etc, etc... Blá, blá, blás óbvios que não vou economizar. Ah, faz tempo que não dou vazão, que não me permito isso, um "momento tiete", então deixa sair. E logo me dirigindo a quem!?!?! Ai, ai...

    Agora sério, Marcelo. Só posso, além de elogiar, agora com muito respeito e admiração, o seu trabalho, só posso é te agradecer pelo que acabei de ler do que você achou sobre o filme Avatar. MUITO OBRIGADA!
    Você ratificou tudo que tenho tentado dizer às pessoas a quem tenho recomendado que assistam, a quem tenho dito sobre a beleza e sobre o que nos toca entre os vários recados que literalmente escutamos durante toda a história.
    Que bom ver que minha percepção coincide com a de alguém a quem respeito tanto! Que bom!
    Um abraço,

    ResponderExcluir