domingo, 28 de novembro de 2010

Gratidão cósmica




Devemos agradecer à Terra, planeta único e vivo, por nos permitir existir, apesar dos nossos abusos

ESSA SEMANA, É celebrado o Dia de Ação de Graças aqui nos EUA.

Historicamente, ele celebra a gratidão dos imigrantes ingleses que, se não fossem os nativos de Massachusetts, teriam morrido de fome. Na prática, comemora-se a colheita de fim de verão com muita comida, inclusive peru ao forno (consumido por 45 milhões de pessoas na data).

Mas, aqui na coluna, gostaria de dar graças mais globais. Começando com o Universo.

São umas 200 bilhões de galáxias, com umas 200 bilhões de estrelas cada. Boa fração tem planetas girando à sua volta, muitos deles com luas. Ao todo, são trilhões de mundos, cada um com sua história.

O que existe além do espaço? O que ocorreu antes do Big Bang? As medidas atuais (lembre-se que conhecemos apenas o que podemos medir; o resto pode ser divertido de comentar em conversas, mas é apenas especulação) indicam que o espaço é plano. Ou seja: continua para sempre, em todas as direções.

Temos certeza disso? Não. Tudo o que podemos dizer é que a porção do espaço que conseguimos medir, delimitada pela distância viajada pela luz desde o Big Bang, há 13,7 bilhões de anos, tem geometria plana ou muito próxima disso.

Imagine uma praia e o horizonte à distância. Sabemos que o mar não termina lá, apenas o que podemos ver dele. O mesmo com o espaço.

Sabemos que as leis da física e da química valem por todo o espaço.

Podemos dizer a composição de uma estrela sem irmos até lá. Podemos explicar como as primeiras galáxias nasceram há bilhões de anos. Quando olhamos para os céus, olhamos para o passado. Quanto mais distante no espaço, mais para trás no tempo. O cosmo é uma máquina do tempo. Quem disse que não existe mágica em ciência?

E o tal "começo"? Não sabemos, mas conhecemos a história cósmica até um trilionésimo de segundo após o "Bang". Nada mau para apenas 400 anos de ciência.

Sabemos também que não faz sentido perguntar o que ocorreu "antes" do Big Bang. Quem era você antes de nascer? Não existir significa não existir no tempo. Santo Agostinho já dizia, uns 16 séculos atrás: o tempo e o espaço surgiram com a criação. Ah, se as coisas fossem assim tão simples...

Hoje, alguns especulam que nosso cosmo é parte de uma entidade muito maior, o multiverso, que representa todas (ou quase?) possibilidades cósmicas. Em alguns, as leis da física podem ser diferentes e a vida como a conhecemos, seria impossível. Portanto, agradeça ao Universo, um dos poucos com propriedades certas para gerar estrelas, planetas e, em alguns deles, vida.

Mas vá com calma! Ao contrário do que tantos afirmam, o Universo não dá a mínima bola para a vida. Basta olhar para nossos vizinhos, planetas mortos e desolados.

Tire nossa atmosfera, nossa camada de ozônio e campo magnético, e a Terra se transformaria num deserto sem vida. (Ao menos vida complexa. Talvez algumas bactérias pudessem existir ainda.) Portanto, não é tanto ao Universo que devemos agradecer, mas à Terra, nosso planeta vivo, único. Devemos todos, coletivamente, dar graças ao nosso mundo: por nos permitir existir e pela sua tolerância, apesar dos nossos abusos. Poucas mães seriam assim tão pacientes.

6 comentários:

  1. Devemos deixar de pensar pequeno e levar a raça humana para outros astros; acho que Deus pôs a Lua bem acima de nossa cabeça como uma forma de nos dizer, assim como fazemos com nossos bichinhos de estimação ao balançarmos um objeto sobre suas cabecinhas: "pulem, vocês conseguem."
    Não adianta muita coisa preservarmos ao máximo a Terra, aí vêm um meteoro qualquer e... adeus, raça perfeita.
    Aproveito para lembrar que isso já ocorreu antes, inclusive um arrancou um pedaço do planeta tão grande que a ejetou para o espaço formando a Lua, e outro dizimou uns bichinhos pequenos e frágeis chamados dinossauros.

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  2. Então meu caro Marcelo a história é essa? o dia de ação de graça,

    "Historicamente, ele celebra a gratidão dos imigrantes ingleses que, se não fossem os nativos de Massachusetts, teriam morrido de fome"

    Pelo que vejo essa festa parece mais um tipo de carnaval Brasileiro, muitas comida e bebida e nade de agradecimento, e sobre o nosso planeta terra ele vai muito bem obrigado, a vida aqui ainda vai durar muito tempo, apesar das muitas ideias que diz que a vida é passageira, e quando você escreve sobre o universo, 200 bilhões de galáxia, fica difícil entender como debate-se assuntos tão menores.
    Valeu,

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  3. O Marcelo Gleiser é uma das poucas pessoas que conseguem explanar de uma forma tão poética a beleza das leis da física e da natureza em geral.
    Bonito o texto, Marcelo.

    Obrigado pela reflexão!

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  4. Excelente texto ! Porém falta o link entre matéria e espírito.
    Apenas algumas considerações que gostaria de expor como descritas abaixo:
    Com relação a constatação da quantidade de galáxias observadas com o avanço da ciência(Vide Hubble http://mauricio-penomundo.blogspot.com/2010/04/sombrero-galaxy.html) não me causa nenhuma surpresa visto que Jesus já havia dito que na casa do nosso Pai há muitas moradas. Nada é por acaso tudo foi planejado por DEUS.

    Devemos dar graças a DEUS a todo momento. Todos os dias DEUS nos dá um presente, não é a toa que dividimos o tempo em o presente, o passado e o futuro.

    Viver é um presente !

    Recomendo ao amigo leitor o livro de kardec.

    A Gênese.
    http://www.espirito.org.br/portal/codificacao/ge/index.html


    Saludos desde Tegucigalpa
    Maurício

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  5. Eu agradeço por existir. E agradeço por existir nosso querido planeta também.

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  6. Acho bastante divertido a bíblia, os tais evangélios segundo os espíritas, as previsões de Nostradamus, etc... é um verdadeiro samba do criolo doido (ok, afro-descendente especial, para os politicamente corretos. rs)e todos interpretam aquilo que for convenente.

    São como as previsões de um vidente.

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