domingo, 9 de junho de 2002

A misteriosa origem da água

Disso todos sabemos: sem água não estaríamos aqui. Não só temos entre 60% e 70% de água em nossos corpos, como não sobreviveríamos sem consumir diariamente grandes quantidades de água. De fato, a água é uma substância muito especial, que prova que a ausência de distinção não significa ausência de importância: inodora, incolor, sem nenhum gosto (quando é de boa qualidade), ela tem na simplicidade o seu grande charme. A sua relevância para a nossa sobrevivência mais do que justifica a preocupação dos astrofísicos com a sua origem: afinal, de onde veio toda essa água que encontramos na Terra? As respostas aceitas até recentemente têm enfrentado sérias críticas.

Tales de Mileto, o primeiro dos filósofos ocidentais, ensinava, no século 6º antes de Cristo, que "tudo é água". Ao procurar por uma única explicação para a aparente diversidade dos fenômenos naturais, Tales certamente reconhecia a importância da água para nós e para os ciclos de criação e destruição que ocorrem na natureza.

Portanto, já nos primeiros passos da ciência, ou do que um dia viria a se tornar ciência, a água ocupava um lugar fundamental. De lá para cá descobriu-se muito sobre a água. Mas e a origem dela?

A água veio do espaço. Esse fato poucos cientistas contestam. O problema é quando e como. O Sistema Solar se formou há 4,6 bilhões de anos, a partir da contração de uma nebulosa rica em hidrogênio, hélio e vários detritos microscópicos. Esses detritos continham metais, como ferro e alumínio, e gases, como metano e vapor d'água. Com a contração dessa nebulosa, a maior parte da matéria foi se concentrando em seu centro, que, com o aumento da pressão, ficava cada vez mais quente. Esse aumento da temperatura central vaporizou todos os materiais mais voláteis, como a água e o metano, que foram empurrados para a periferia da nebulosa, enquanto os minerais permaneceram no centro. Isso explica por que os planetas internos (como a Terra) são rochosos, enquanto os externos (como Júpiter) são compostos de gases solidificados, como metano e água. Mas isso não explica como a água apareceu aqui.

Para isso, os astrônomos invocam um período dramático na vida da Terra, o seu primeiro bilhão de anos. É razoável supor que esse processo de formação de planetas tenha deixado detritos, restos de matéria que não foi incorporada aos nove planetas. Um exemplo desses detritos que existe até hoje é o cinturão de asteróides, entre Marte e Júpiter. Outro é a nuvem de Oort, uma região nos confins do Sistema Solar com trilhões de "bolas de neve sujas", contendo em torno de 50% de gelo e 50% de metano e outros gases. Se uma dessas bolas de neve se aproxima do interior do Sistema Solar, o aumento da temperatura começa a vaporizar seus gases. Quanto mais perto do Sol, mais brilhante é o objeto, que chamamos de cometa.

Até recentemente, a explicação mais aceita para a origem da água na Terra lançava mão dos cometas: durante o primeiro bilhão de anos de sua existência, o nosso planeta foi bombardeado por incontáveis cometas e asteróides. Esse bombardeio depositou enormes quantidades de água na Terra, o que acabou formando os oceanos. Recentemente, essa teoria foi contestada. Ao examinar a composição química de três cometas recentes, astrônomos descobriram que metade da água desses astros não é a mesma que a encontrada na Terra: os átomos de hidrogênio da água cometária contêm não só o próton usual, mas também um nêutron. Ou seja, os cometas poderiam no máximo explicar metade da água na Terra. Colisões com asteróides conhecidos como condritos carbonáceos também ajudam, mas não o suficiente. Ainda falta metade da água.
Astrônomos do Observatório de Nice, na França, têm outra idéia. Eles sugerem que, entre os vários bólidos que colidiram com a Terra no início de sua existência, existiam alguns que eram verdadeiros reservatórios de água, com diâmetros comparáveis ao da Lua. Esses planetóides foram formados além de Júpiter, mas, tal como os cometas, tiveram as suas órbitas desestabilizadas e foram atraídos para o interior do Sistema Solar. Um ou mais deles colidiram com a Terra, dando-lhe um banho.

Caso essa hipótese esteja correta, outros planetas do Sistema Solar teriam também muita água. O candidato mais interessante é Marte, que, aparentemente, tem mesmo bastante água. Resta analisarmos as propriedades dessa água marciana e ver se ela é comparável com a nossa. Em caso afirmativo, Marte se torna um pouco mais parecido com a Terra, ao menos em seu passado. O que nos leva a outro mistério, a origem da vida na Terra e a possibilidade de vida em Marte.

2 comentários:

  1. Com toda o meu limitado conhecimento em física e química, a única dúvida que tenho(e me ajude quem puder)é:- Qual é o conceito de vida a que nos referimos? Quantos tipos de vida há e quais são suas formas? Porque ainda teimamos em con siderar vida apenas a isto que conhecemos?Grata.Sílvia

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  2. olha ..nao sei daonde veio a agua talvez por um cometa todo cheio de agua ..porem mesmo congelado seria destroçado a ponto de nao se estatelar aqui na terra por causa combustao da velocidade quando chegando na atmosfera da terra .Porem com Diametro semelhante ao da lua me parece condizente ...resta saber que tipo de explosao desencadearia gelo e ???? nem sei qual material teria aqui na terra .
    Sobre a formacao de vulcoes e gases que se evaporaram e formaram algo ...acho impraticavel tambem ..a agua eh 1 misterio bem como a lua que dizem-se ser parte da terra que nao esta habitada ..sendo 1 planeta menor a chance de formar vida seria bem superior ao da terra no meu conceito!

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