domingo, 1 de junho de 2008

Buscando vida em Marte



O planeta vermelho sofreu uma mudança climática radical

As primeiras imagens coloridas da sonda Phoenix chegaram na segunda-feira. Após uma viagem iniciada em agosto de 2007, cobrindo 680 milhões de quilômetros, a espaçonave-robô finalmente pousou com sucesso na superfície de Marte.

É a sexta missão a pousar no planeta vermelho, das 12 tentativas até agora.

A operação é um feito tecnológico simplesmente espetacular. Não só o pouso ocorreu quase sem problemas -o pára-quedas abriu sete segundos mais tarde, afetando em 25 quilômetros o local do pouso-, mas três satélites em torno de Marte voltaram suas câmaras em direção à Phoenix permitindo que pudéssemos ver o pouso. (Consulte a página da Wikipedia http://en.wikipedia.org/wiki/Phoenix_spacecraft, em inglês, atualizada constantemente).
Quem gosta de brincar com carrinhos e aviões de controle remoto sabe o quanto é difícil operá-los sem problemas. Imagine programar e operar uma espaçonave para pousar num planeta a centenas de milhões de quilômetros de distância.

A missão tem dois objetivos principais. O primeiro é estudar a história geológica do local de pouso, uma região plana no paralelo 68 em direção ao pólo Norte marciano. Em particular, os vários aparelhos científicos a bordo da Phoenix foram desenhados para verificar a existência de água na subsuperfície e identificar os seus traços. Por exemplo, se água, que hoje está congelada, existiu no passado em estado líquido, sua assinatura pode ser encontrada por padrões causados pela erosão das rochas e do solo.

Vários cientistas acreditam que Marte era bem mais quente no passado, quente o suficiente para que água líquida existisse em abundância. Possivelmente, Marte passou por uma mudança climática radical que causou um severo resfriamento em sua superfície. A memória desse passado está registrada no solo marciano.

O segundo objetivo da missão é procurar por uma zona habitável entre a superfície e o gelo subterrâneo. A sonda é dotada de um braço mecânico de 2,35 m com uma escavadeira que pode obter amostras do subsolo a meio metro de profundidade. Essas amostras serão analisadas pelo laboratório químico à bordo da sonda, que contêm oito fornos em miniatura (do tamanho de uma carga de caneta) capazes de aquecer as amostras a 1.000 C, quatro células de análise química e um espectrômetro de massa, aparelho capaz de identificar diferentes compostos químicos em uma amostra.

Com isso, cientistas serão capazes de analisar em detalhe a composição química do solo e subsolo marciano, incluindo minerais e compostos orgânicos, se eles existirem. A idéia é executar as experiências por três meses, o tempo de vida da missão. Tudo isso remotamente, da Terra. E ainda tem gente que acha que não fomos à Lua.

A última tentativa de identificação de vida em Marte foi com as sondas Viking 1 e 2, em 1976. Elas enviaram fotos fantásticas da superfície marciana, mas nenhum traço de vida. Isso não chega a ser surpreendente.

Mitos à parte, a superfície de Marte é extremamente nociva à vida. Temperaturas muito baixas, atmosfera quase sem oxigênio e, mais importante, doses imensas de radiação, tornam a possibilidade de vida na superfície muito remota. Daí a idéia de que se vida existir agora ou tiver existido no passado, estaria no subsolo.

A missão terá enorme sucesso se encontrar traços químicos dessa vida, ou, ao menos, a confirmação de água líquida no passado.

De qualquer forma, a desolação que vemos em Marte nos faz cientes da preciosidade da vida que temos aqui e da importância de preservarmos a nossa bela e frágil casa planetária.

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