domingo, 21 de setembro de 2008

Mensagem do espaço



Fora a chuva, coisas que caem dos céus exercem enorme fascínio

Na noite do dia 7 de janeiro de 2007, Srini Nageswaran foi ao banheiro no segundo andar de sua casa em Nova Jersey, nos Estados Unidos, quando percebeu pedaços do teto espalhados pelo chão. Olhando para cima, viu que algo havia perfurado o telhado de sua casa. Os azulejos perto da privada foram estilhaçados.

Investigando os detritos, Nageswaran descobriu um objeto prateado na forma de um croissant com 10 cm de extensão. O formato do objeto era praticamente igual ao buraco no teto do banheiro. Ele concluiu que o objeto havia caído do céu. E que poderia ter matado uma pessoa de sua família.

Nageswaran ligou para a polícia. No dia seguinte, dois técnicos da Administração Federal de Aviação examinaram o estranho objeto, concluindo que não era parte de um avião. Seu pai sugeriu que fosse um meteorito, um pedaço de um meteoro que sobrevive à passagem pela atmosfera da Terra e choca-se com o solo.

Mais de 90% dos meteoros são rochosos. O restante contém ferro e níquel, alguns podendo ser puro metal. As famosas estrelas cadentes são meteoros que queimam em parte ou por inteiro na passagem pela atmosfera.

Os rasgos de luz que nos enchem de emoção e esperança não têm nada a ver com estrelas. Ainda bem: se uma estrela se aproximasse da Terra, seria a última coisa que veríamos.

As novas do meteorito começaram a se espalhar e logo causaram verdadeira sensação. Cientistas foram convidados pela polícia para examinar o objeto. Em geral, meteoritos têm uma crosta de fusão com alta oxidação ou material derretido, devido às altas temperaturas na passagem pela atmosfera. Apesar de esse objeto não ter uma crosta comum, era óbvio que parte do metal havia derretido. Os cientistas explicaram a Nageswaran que uma determinação final só seria possível se o objeto fosse cortado e seu interior examinado. Ele se opôs, pensando na rentabilidade do meteorito; alguns são extremamente valiosos. Se o objeto foi mesmo formado há 4,5 bilhões de anos e viajou milhões de quilômetros até cair na sua casa, não seriam cientistas que iriam alterá-lo.

O meteorito foi exibido num museu da Universidade Rutgers, onde atraiu multidões de curiosos.
Fora a chuva, coisas que caem dos céus exercem enorme fascínio. Quem não faz um desejo quando vê uma estrela cadente? (Que, repito, não tem nada a ver com estrelas.) Desde a Antigüidade, cometas, eclipses e meteoros foram associados com mensagens divinas, em geral de mau agouro. Uma louvável exceção é a Estrela de Belém, que presumivelmente anunciou o nascimento de Jesus.

Esses fenômenos, que discuto em meu livro "O Fim da Terra e do Céu", eram interpretados como uma comunicação entre os deuses e os homens que apenas sacerdotes e feiticeiros podiam interpretar. Hoje, são os cientistas que estão encarregados disso.

Alguns meses após o incidente, um novo instrumento ficou disponível: um microscópio scanner de elétrons a pressão variável, que permitia o estudo do meteorito sem cortá-lo. Os elétrons excitam os átomos do objeto, que, ao relaxar, emitem radiação que é usada para identificá-los. Cada átomo emite a sua, como uma impressão digital. Contrariamente aos meteoritos metálicos, esse não continha níquel.

Os cientistas encontraram manganês e cromo, indicando que o objeto era um amálgama, um tipo de aço inoxidável tipicamente usado em foguetes russos. O meteorito era lixo espacial, um problema cada vez maior. São quase 10 mil satélites em órbita, menos da metade ativos, fora pedaços de foguetes e antenas. Hoje, a mensagem nos céus mudou: ela nos diz que o tráfego está intenso.

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