domingo, 19 de setembro de 2010

Quão rara é a vida?



Estamos aqui não porque o Universo seja propício à existência, mas apesar de sua hostilidade a nós


NO DOMINGO PASSADO, escrevi sobre as recentes afirmações de Stephen Hawking. Para ele, a ciência demonstrou que Deus não é necessário para explicar a criação. Outro argumento que Hawking usou é que o Universo é especialmente propício à vida, em particular à vida humana. Mais uma vez vejo a necessidade de apresentar um ponto de vista contrário. Tudo o que sabemos sobre a evolução da vida na Terra aponta para a raridade dos seres vivos complexos. Estamos aqui não porque o Universo é propício à vida, mas apesar de sua hostilidade.

Note que, ao falarmos sobre vida, temos de distinguir entre vida primitiva (seres unicelulares) e vida complexa. Vida simples, bactérias de vários tipos e formas, deve mesmo ser abundante no Cosmos.

Na história da Terra -o único exemplo de vida que conhecemos-, os primeiros seres vivos surgiram tão logo foi possível. A Terra nasceu há 4,5 bilhões de anos e sua superfície se solidificou em torno de 3,9 bilhões de anos atrás. Os primeiros sinais de vida datam de pelo menos 3,5 bilhões de anos, e alguns cientistas acham que talvez possam ter 3,8 bilhões de anos. De qualquer modo, bastaram algumas centenas de milhões de anos de calma para a vida surgir. Não é muito em escalas de tempo planetárias.

Esses primeiros seres vivos, os procariontes, reinaram durante 2 bilhões de anos. Só então surgiram os eucariontes, também unicelulares, mas mais sofisticados. Os primeiros seres multicelulares (esponjas) só foram surgir em torno de 700 milhões de anos atrás.

Ou seja, por cerca de 3,5 bilhões de anos, só existiam seres unicelulares no nosso planeta. O que aprendemos com esses estudos é que a vida coevoluiu com a Terra. O oxigênio que existe hoje na atmosfera foi formado quando os procariontes descobriram a fotossíntese em torno de 2 bilhões de anos atrás. Estamos aqui porque oxigenaram o ar.

Devemos lembrar que seres multicelulares são mais frágeis, precisando de condições estáveis por longos períodos. Não é só ter água e a química correta. O planeta precisa ter uma órbita estável e temperaturas que não variem muito. Só temos as quatro estações e temperaturas estáveis porque nossa Lua é pesada.

Sua massa estabiliza a inclinação do eixo terrestre (a Terra é um pião inclinado de 23,5), permitindo a existência de água líquida durante longos períodos. Sem a Lua, a vida complexa seria muito difícil.

A Terra tem também dois "cobertores" que a protegem contra a radiação letal que vem do espaço: o seu campo magnético e a camada de ozônio. Viver perto de uma estrela não é moleza. Precisamos de seu calor, mas ele vem com muitas outras coisas nada favoráveis à vida.

Quem afirma que o Universo é propício à vida complexa deve dar uma passeada pelos outros planetas e luas do nosso Sistema Solar.

Ademais, o pulo para a vida multicelular inteligente também foi um acidente dos grandes. A vida não tem um plano que a leva à inteligência. A vida quer apenas estar bem adaptada ao seu ambiente. Os dinossauros existiram por 150 milhões de anos sem construir rádios ou aviões. Portanto, mesmo que exista vida fora da Terra, a vida inteligente será muito rara. Devemos celebrar nossa existência por sua raridade, e não por ser ordinária.

16 comentários:

  1. O acaso é apenas uma teoria que ainda não conhecemos.

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  2. O acaso é apenas uma teoria que ainda não conhecemos.

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  3. A raridade e complexidade da vida nos levam a pensar sobre o quanto ela é preciosa.Mas esse pensamento pode ser facilmente usado para algo mais, algo com um "design".Peter Ward e Donald Brownlee já discutiram sobre tal argumentação no livro "Rare Earth", que me parece bastante lúcida e coerente.Parabéns Marcelo, pela coerência!

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  4. Olá,
    A evolução traz destruição?
    O assunto de como viemos parar aqui ou se somos obra daqui mesmo é muito complexo, dizer que foi Deus quem criou tudo é também dizer que não evoluímos nada, dizer que foi o acaso, é muita evolução para o meu gosto, ou dizer que aqui é propicio à vida, é não ter trabalhar duro o dia e a noite inteira, digo apanas que ainda iremos saber a verdade um dia, se a espécie humana sobreviver as ideias destrutivas que a evolução traz, quanto mais temos conhecimento menos a raça humana se multiplica, é só vê os números que foram divulgado no Brasil, e acho que é no mundo todo, que as família estão encolhendo, e o fator principal para que isso ocorra é que as pessoas estão mais informadas, em plena evolução, os habitantes desse planeta, seja vida simples ou complexa estão evoluído, e isso não é uma boa notícia, qual será o preço da evolução? Espero que não seja a destruição.

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  5. Quando li o que o Hawking disse sobre não haver espaço pra existência de Deus comentei com meu professor de filosofia e ele disse: como se Deus ocupasse espaço...

    Ontem eu fiquei pensando no ano novo judaico, no perdão e nas maneiras de contar o tempo: Será que há algo parado no universo? O DNA do tempo guada a memória de tudo. À medida que nos reconhecemos no outro o futuro olha para trás e nos envia fios de possíveis. Acho que é a capacidade de sabermo-nos finitos que nos torna infinitos e multiplos. E o grande poeta que é Deus encena no grande anfiteatro do mundo uma escrita inventiva, na justeza que permite a cada homem expressar o tamanho que tem seu coração.

    Estou curiosa para ler seu livro.
    Abraço,
    Flávia

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  6. INTELIGÊNCIA É CONCRETIZAR A IDÉIA GERADA PELOS CINCO SENTIDOS.

    Meu comentário neste blog será mais ou menos sempre o mesmo porque se busca sempre a mesma coisa, ou seja; responder "A Pergunta" que o professor Gleiser tem em mente. Até que provem o contrário, o espaço absoluto em eterno repouso no reino incomodidade da treva fria contém a energia contínua e passiva, a sensibilidade granulada e ativa, e a lei que rege a busca pela acomodação. Essas quatro Entidades incondicionais se condicionam no símbolo do círculo com um ponto no centro. O círculo simboliza a lei dharma hinduísta. O interior simboliza a energia. O exterior, a ubiqüidade espacial. E o ponto, a sensibilidade formando o tetragrama D.E.U.S. que tanto constitui uma partícula subatômica como uma estrela. Para Gleiser, "Estamos aqui não porque o Universo é propício à vida, mas apesar de sua hostilidade". Eu digo: incomodidade. Para Gleiser "a vida não tem um plano que a leva à inteligência. A vida quer apenas estar bem adaptada ao seu ambiente". Eu digo: vida é a expressão da sensibilidade na energia buscando acomodação. Não basta querer, é necessário ir e vir com as duas únicas forças que temos: empuxar e puxar. Uma partícula subatômica está constituída de um grão sensibilidade no interior do quanta de energia limitada pela lei dharma na ubiqüidade espacial pulsando num rítmo cíclico de quatro movimentos: impressão, expressão, circunspecção e volição, tal qual uma cinesfera de luz, vida e amor. Luz é inteligência. Vida é Consciência. E amor é vontade de se relacionar a fim de evoluir o bem estar do seu ambiente. Não é assim? Então como é a geometria do movimento em um partícula de energia subatômica? Quando souber não terá escrúpulo em explicar a geometria da dualidade onda-partícula numa interação eletromagnética e compreender que a vida inteligente é rara porque necessita de cinco sentidos para formar o circuito intelectocônscio numa denominação alma.

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  7. INTELIGÊNCIA É CONCRETIZAR IDÉIAS GERADAS NOS CINCO SENTIDOS

    Meu comentário neste blog será mais ou menos sempre o mesmo porque se busca sempre a mesma coisa, ou seja; responder "A Pergunta" que o professor Gleiser tem em mente. Até que provem o contrário, o espaço absoluto em eterno repouso no reino incomodidade da treva fria contém a energia contínua e passiva, a sensibilidade granulada e ativa, e a lei que rege a busca pela acomodação. Essas quatro Entidades incondicionais se condicionam no símbolo do círculo com um ponto no centro. O circulo simboliza a lei dharma hinduísta. O interior simboliza a energia. O exterior, a ubiqüidade espacial. E o ponto, a sensibilidade formando o tetragrama D.E.U.S. que tanto constitui uma partícula subatômica como uma estrela. Para Gleiser "Estamos aqui não porque o Universo é propício à vida, mas apesar de sua hostilidade". Eu digo: incomodidade. Para Gleiser "a vida não tem um plano que a leve à inteligência. A vida quer apenas estar bem adaptada ao seu ambiente". Eu digo: vida é a expressão da sensibilidade na energia buscando acomodação. Não basta querer, é necessário ir e vir com as duas únicas forças que temos: empuxar e puxar. Uma partícula subatômica está constituída de grão sensibilidade no interior do quanta de energia limitada pela lei dharma na ubiqüidade espacial pulsando num rítmo cíclico de quatro movimentos: impressão, expressão, circunspecção e volição, tal qual uma cinesfera de luz, vida e amor. Luz é inteligência. Vida é consciência. E amor é vontade de se relacionar a fim de evoluir o bem estar do seu ambiente. Não é assim? Então como é a geometria do movimento em uma partícula? Quando souber, não terá escrúpulo em explicar a geometria da dualidade onda-partícula numa interação eletromagnética e compreender que a vida inteligente é rara porque necessita de cinco sentidos organizados em um circuito intelectocônscio numa denominação alma.

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  8. o universo nem gosta nem desgosta de nós. ele tem é um total desprezo mesmo.

    de toda a improbabilidade da vida, somos uns privilegiados e temos q aproveitar nossa única passagem.

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  9. o universo nem gosta nem desgosta de nós. ele tem é um total desprezo mesmo.

    de toda a improbabilidade da vida, somos uns privilegiados e temos q aproveitar nossa única passagem.

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  10. Deus é o universo experimentando a si próprio.

    Engraçado tentarmos especular sobre a possibilidade de vida inteligente ao londo do Cosmos, se nem ao menos sabemos mensurar sua extensão, que cisma em se expandir aumentando vertiginosamente o libido humano na busca da verdade. Tal verdade seria hipotéticamente a chave para a descrição da vida e de seus mecanismos, que parecem se adaptar a todo momento a novos e infinitos movimentos rumo ao desconhecido.

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  11. Prezado Marcelo,

    Desde seu post "Hawking e Deus: relação íntima" veio refletindo sobre uma possível resposta, pois, gosto muito do trabalho dos dois, achei a atitude dos dois meio "pedante".
    Mesmo sendo cientistas de renome e de reputação ilibada, entram num seara da metafisica, pois, nenhum dos dois podem apresentar uma prova empírica sobre a suas argumentações, ainda falam sobre fatos ainda não provados pela física moderna. Deus é e sempre será uma questão humana, e estritamente pessoal, ele só poderá ser encontrado no razão do próprio homem, nunca pela fé sozinha ou pela razão sozinha, mas pela união do homem de fé com o próprio homem de razão.
    Acredito ainda que uma resposta só poderá ser respondida no momento que vocês conseguirem ver a própria sobrancelha sem olhar para um espelho ou superfície reflexiva.

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  12. discordo. nao acho q a fé é necessária para responder questão alguma, pq a fé é achismo, é crença na ausência de evidências. prefiro simplesmente nao considerar a existência de um deus enquanto nao houverem evidências para sua existência.

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  13. Prezado Sr. Marcelo, bom dia!

    Estou lendo seu livro "A Criação Imperfeita". Ao mesmo tempo tenho utilizado o Capitulo X de Poeira nas Estrelas em minhas aulas para alunos de Pós-Gradução.

    Aproveito para informa-lhe que estarei estabelenco um link para essa sua página em meu blog: http://emdefesadacomida.blogspot.com.

    Agradeço-lhe o texto, que em poucas linhas contribui com um diálogo racional sobre a vida em nosso planeta.

    Agradecido,

    Alfredo Benatto
    Sanitarista
    Curitiba/PR

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  14. Embora um passeio pelo sistema solar seja um tanto quanto enfadonho para quem busca por sinais de vida, ignorar o tamanho do cosmos também me parece leviano. A Equação de Drake ao meu ver permanece valida.

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  15. Vejo a vida como um acidente da matéria e ainda está além dos limites da nossa primitiva e genial mente.

    Atiramos em um grande e negro espaço e creio eu que um dia podemos acertar.

    O problema de apostar na vida além da Terra é que NÓS humanos nos seguramos na idéia de que vamos encontrar formas de vida extraordinárias porém, eu acredito que se encontrarmos vida em outras partes do Universo, vamos nos deparar com a mais simples forma de vida BACTÉRIAS rsrsrsrs.

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  16. Ainda bem que "Deus" não fez outro planeta igual aqui perto da gente, se só existindo o planeta terra o homem faz o que faz, imagine se tivesse outro prontinho para ser "literalmente" usado.

    Pelo que sei o Gleiser não é teólogo, se não me engano é físico e astrônomo... bem... mas que o Hawking falou besteira, ah! Isso sim!

    Quanto a acreditar em Deus ou não... Posso estar enganado, e provávelmente posso estar....rsrs E necessário um pouco de fé para se acreditar na "hipótese do átomo primordial" Não foi "observado" o seu início e se atribui a expansão do universo a esse evento que não pôde ser submetido ao método ciêntifico de observação, pelo menos não no seu início!

    Mas como eu disse: Posso estar enganado!

    Vida Longa e Próspera

    E provávelmente posso estar...rsrs

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