domingo, 12 de setembro de 2010

Hawking e Deus: relação íntima



É lamentável que físicos como Hawking divulguem teorias especulativas; ele está querendo ser Deus


Stephen Hawking, o famoso físico da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, está mais uma vez ocupando manchetes e blogs pelo mundo afora. A razão é a publicação de seu livro "O Grandioso Design" ("The Grand Design"), com Leonard Mlodinow, do Caltech (Instituto de Tecnologia da Califórnia).

A atenção é consequência da afirmação feita por Hawking de que a física resolveu a questão da origem do Universo e que, portanto, Deus não é necessário. Na verdade, isso não passa de mais uma batalha numa guerra um tanto longa e inútil.

Em seu bestseller "Uma Breve História do Tempo", publicado em 1988, Hawking escreveu: "Se o Universo é contido em si mesmo, sem borda ou fronteira, não teria começo ou fim: simplesmente seria. Neste caso, qual o lugar de um criador?"

Mais adiante: "Se descobrirmos uma teoria completa, filósofos, cientistas e o público leigo tomariam parte na discussão de por que o Universo e nós existimos. Se encontrarmos a resposta, seria o grande triunfo da razão humana, pois, então, conheceríamos a mente de Deus".

Hawking afirma que tem novos argumentos que colocam Deus para escanteio de vez. Será?

A ideia dele, que já circula de formas diferentes desde os anos 70, vem do casamento da relatividade e da mecânica quântica para explicar a origem do Universo, isto é, como tudo veio do nada.

Primeiro, usamos as propriedades atrativas da gravidade para mostrar que o cosmo é uma solução com energia zero (o "nada" de onde tudo vem) das equações que descrevem sua evolução.

Segundo, como na mecânica quântica (que descreve elétrons, átomos etc.) tudo flutua, o Universo pode ser resultado de uma flutuação de energia nula a partir de uma entidade que "contêm" todos os Universos possíveis, o multiverso.

Nosso Universo é o que tem as propriedades certas para existir por tempo suficiente -quase 14 bilhões de anos- para formar estrelas, planetas e também vida.

Em meu livro "Criação Imperfeita", publicado em março, argumento exatamente o oposto. Descrevo como afirmações que defendem a existência de uma "teoria de tudo" são incompatíveis com a física.

As teorias que Hawking e Mlodinow usam para basear seus argumentos -teorias-M, vindas das supercordas- têm tanta evidência empírica quanto Deus.

É lamentável que físicos como Hawking estejam divulgando teorias especulativas como quase concluídas. A euforia na mídia é compreensível: o homem quer ser Deus.

O desafio das teorias a que Hawking se refere é justamente estabelecer qualquer traço de evidência observacional, até agora inexistente. Não sabemos nem mesmo se essas teorias fazem sentido. Certas noções, como a existência de um multiverso, não parecem ser testáveis.

Ademais, a existência de uma teoria final é incompatível com o caráter empírico da física, baseado na coleta gradual de dados. Não vejo como poderemos ter certeza de que uma teoria final é mesmo final.
Como nos mostra a história da ciência, surpresas ocorrem a toda hora. Talvez esteja na hora de Hawking deixar Deus em paz.

Leitores interessados podem ver uma comparação entre meu livro e o de Hawking no blog do jornal "New York Times": http://ideas.blogs.nytimes.com/2010/09/07/not-so-grand-design/

13 comentários:

  1. Nossa visão de mundo

    Meu comentário neste blog será mais ou menos sempre igual porque se busca sempre a mesma coisa. Isto é, conhecer o quando, o como e o por quê existimos, nós e o universo. Uma vez que a inteligência humana, como a do professor Gleiser, já fez uma varredura passando pelos mitos de criação, filósofos gregos e cosmologia, não custará equacionar o absoluto espaço infinito em eterno repouso no reino incomodidade da treva fria contendo a energia contínua e passiva, a sensibilidade granulada e ativa, e a lei que rege a busca pela acomodação. Até aqui não existia movimento. Quando, como e por quê começou o movimento? A resposta para essa pergunta nos informa o quando do espaço-tempo. O por quê é óbvio. O grão sensibilidade ativo ao ser impressionado pelo frio da treva só tem uma opção de busca: a introversão. Neste ato o grão puxa seu quanta de energia perceptível para o estado grave de fissão em um ínterim, fração do tempo no espaço. Eis o como do primeiro movimento no espaço-tempo. A fissão gera calor até a intensidade da luz a ponto de o grão sensibilidade buscar a única opção de fuga: a extroversão, segundo movimento no espaço-tempo. Neste ato o grão empuxa seu quanta de energia na forma de fogo e cria um espaço jurígeno, direito de existir neste espaço aquecido por um ínterim. Nesta circunstância circunspecta o grão adquire consciência da dualidade: gravidade-fogo, terceiro movimento no espaço-tempo. Este movimento dá origem à magnitude da vida no grão sensibilidade com caráter perceptomotriz movendo a energia na forma elétrica, quarto movimento no espaço-tempo, dando origem à dualidade: eletro-magético numa partícula subatômica tal qual uma cinesfera de luz, vida e amor. Havendo diversidade de partículas, as que pulsam alternadas se relacionam. Começa a relatividade, mas isto é uma outra história que começa com a rolagem do filme para se chegar até onde estamos agora. E onde está Deus? No círculo com um ponto no cento. O cículo é a lei dharma hinduísta. O ponto é a sensibilidade. O interior do cículo é a energia e o exterior é a ubiqüidade espacial formando o tetragrama D.E.U.S.

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  2. É, o assunto parece muito louco, o comentário é maior do o texto, por que não temos um pouco de paciência com essas histórias de universo e Deus, 'E melhor não saber do que ser enganada' e acho que querem me enganar, com explicações incompreensível, se não sabemos como foi feito, eu também não quero saber como acaba, não vou usar palavras de difícil entendimento como fez nosso colega de comentário, mais como entender um assunto que já se passou quase dois mil anos, e a única coisa de fato, a verdade? é a ganância financeira da especie que se chama homem, a ignorância nos leva para mundo cada vez mais distante da nossa realidade, se Deus vai virar homem como diz o nosso escritor eu não sei, e se já virou? muitos diz que sim, eu é que não vou dá uma de herói ou seguir os que dizem que é herói, muito já foram para a cruz com essa ideia de salvação, quanto anos ainda temos que conviver com celebridade que propaga a ideia de explicação do que ainda não sabemos? e se sabemos temos que gaudar bem longe dos que só tem a opulência como objetivo de existência.

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  3. entender o ser humano é algo que nem o próprio ser humano mesmo compreende, já que é difícil encontrar a si mesmo, porque não alguém que esta mais além disso, respeito muito Hawking, para mim uma das pessoas mais brilhantes do século XIX, mas em todo lugar o pensamento de cada um, serve para cada um e para os outros, todos temos opiniões, só me entristece que realmente ele só esta pondo 'lenha na fogueira' entre Ciências e Religião, uma briga ou até mesmo uma guerra, seja lá que não vai terminar tão cedo.

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  4. Hummm.. um comentário descente só poderia fazer depois de ler o livro. Já vi crucificarem Dawkins por resenhas de terceiros por causa do livro "Deus, um delirio", mas depois de ler o livro na integra pude reparar de que a maioria das criticas não tinha embasamento, era mera peraltice.

    Se os religiosos podem bradar a bandeira de que existe uma infima possibilidade de estarem certos (e isso sem amparo de observações e estudos por pares), então eu reservo o direito de Hawking dar a opinião dele de encerrar o assunto deus.

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  5. também concordo q a ciência deve deixar deus em paz. a ciencia nao é para isso. ela é para resolver os "comos" do universo e nao os "porques".

    e além do mais, falar de deus com grandeza científica é chutar cachorro morto.

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  6. "Se o Universo é contido em si mesmo, sem borda ou fronteira, não teria começo ou fim: simplesmente seria. Neste caso, qual o lugar de um criador?"

    A existência em si mesmo é um conceito teológico. Diante do mistério da vida, do que não pode ser comprovado, temos que nos limitar a dar sugestões e apontar caminhos prováveis. A razão não precisa triunfar sobre Deus, como escreve Hawking, na verdade ela não triunfou nem mesmo sobre o universo físico. Infelizmente nem as grandes mentes da humanidade estão livres comentários tão infantis.

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  7. eu diria q é um conceito TELEOLÓGICO, e não teológico.
    a razão é método e não filosofia, nao tem por que triunfar sobre nada. o onus da prova recai em quem alega um deus, entao até lá nao tem pq assumir um na lógica da criaçao mesmo.

    quanto à palavra "criação" no sentido q levaria a um criador, isso envolve um problema gigante q é assumir a ótica de q um criador implica criatividade, ou seja, capacidade de criar, o q implica necessariamente uma mente e mentes nao existem sem cérebros, pois sao produtos destes ultimos. é uma restriçao física. o conceito de criador é infantil, pq é tentar extrapolar uma mente, tal qual a humana, para o etéreo.

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  8. A INTELIGÊNCIA

    Acredito que inteligência seria a capacidade de uma comunicação recíproca, própria para se colaborar na busca do conhecimento auxiliando uns aoa outros. Porém, a inteligência está sendo usada para criticar uns aos outros.
    Ao invés disto, vamos reunir o conhecimento de todas as inteligências e , inteligentemente , encontrar a síntese daquilo que estamos buscando, ou seja responder "A Pergunta" que o professor Marcelo Gleiser tem em mente.
    Proponho este princípio: o absoluto espaço em eterno repouso no reino hostilidade da treva fria contém a energia contínua e passiva, a sensibilidade granulada e ativa e a lei que rege a busca pela beneficência.

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  9. Tirem essa encarnação delirante de Hermes Trismegisto daí!!! Os humanos, que sofremos crises existenciais, precisamos de pensamentos esclarecedores. Esse tipo de comentário leva muita gente a se perder. Basta!

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  10. Marcelo, vi a poucos minutos no documentário "Como Funciona o Universo" da Discovery, uma afirmação narrada por você, de que teríamos que aceitar que o NADA foi capaz de gerar o Big Bang com todas as consequências do surgimento do Universo (energia, matéria, leis, etc.). Mas logo depois, vim ler o seu Blog e, ao que parece, vc não compartilha desse entendimento, apenas narra o texto elaborado pela Discovery. Honestamente, respirei aliviado. A colocação "teremos que aceitar" seguida de uma afirmação que é um verdadeiro estupro à razão, me indignou. Não estou dizendo que deveriam afirmar "a única alternativa que sobrou foi Deus!". Não. Mas sim "ainda não sabemos". Mas o NADA? Um verdadeiro atentado à inteligência de todos que raciocinam, que têm interesse pelo assunto e acompanham as matérias publicadas. E evidente falta de humildade de quem ainda não encontrou a resposta e querendo encerrar logo o caso, apela pra qualquer argumento, mesmo que completo absurdo. Ou então o "NADA" não é mais tão NADA assim... "Ainda não sabemos" é mais honesto e felizmente as surpresas continuam ocorrendo a toda hora.

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  11. Marcelo, vi a poucos minutos no documentário "Como Funciona o Universo" da Discovery, uma afirmação narrada por você, de que teríamos que aceitar que o NADA foi capaz de gerar o Big Bang com todas as consequências do surgimento do Universo (energia, matéria, leis, etc.). Mas logo depois, vim ler o seu Blog e, ao que parece, vc não compartilha desse entendimento, apenas narra o texto elaborado pela Discovery. Honestamente, respirei aliviado. A colocação "teremos que aceitar" seguida de uma afirmação que é um verdadeiro estupro à razão, me indignou. Não estou dizendo que deveriam afirmar "a única alternativa que sobrou foi Deus!". Não. Mas sim "ainda não sabemos". Mas o NADA? Um verdadeiro atentado à inteligência de todos que raciocinam, que têm interesse pelo assunto e acompanham as matérias publicadas. E evidente falta de humildade de quem ainda não encontrou a resposta e querendo encerrar logo o caso, apela pra qualquer argumento, mesmo que completo absurdo. Ou então o "NADA" não é mais tão NADA assim... "Ainda não sabemos" é mais honesto e felizmente as surpresas continuam ocorrendo a toda hora.

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  12. Olá, professor Marcelo. É o Décio.
    "Abrimos" o blog www.blig.ig.com.br/dlmendes e
    conseguimos "espaço" no Portal Luis Nassif
    www.luisnassif.com/profile/DecioLuizMendes
    Temos algo pertinente a transmitir ( Cosmologia, concepção do "logos" - uma ponte entre a Ciência e a Religião -, etc...).
    Aguardamos a sua visita.
    Faça o seu comentário.
    Desde já agradecemos.
    A propósito, Ciência, para nós, é tentativa para se dar ao Cosmo uma explicação consistente.

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